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Fora de Série é um filme de pesquisa produzido pelo grupo de pesquisa Observatório Jovem do Rio de Janeiro, coordenado pelo Prof. Paulo Carrano. A pesquisa que deu origem ao filme foi desenvolvida em rede com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). O projeto de pesquisa está sediado na Faculdade de Educação da UFF, Departamento SSE, e no Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado), linha de pesquisa “Diversidade, Desigualdade Social e Educação".

 

O projeto pretende revelar e compreender trajetórias de escolarização e percursos biográficos de jovens estudantes em situação de defasagem escolar em escolas públicas de Ensino Médio no Rio de Janeiro. O objetivo principal é a compreensão do fenômeno da denominada “escolarização truncada” por meio da produção de dados e análises sobre as trajetórias de jovens estudantes do Ensino Médio da rede pública na modalidade EJA e no projeto especial Autonomia implementado pela Secretaria Estadual de Educação, na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa quer contribuir para a melhoria do fluxo de escolarização de jovens das classes populares.

 

A denominada distorção idade-série é indicador de atraso na escolarização. Considera-se que a distorção representa um problema de fluxo de escolarização quando atinge dois ou mais anos de atraso na série escolar correspondente à idade do estudante. Isso, em geral, é provocado por repetências ou evasões sucessivas. Em 2011 haviam cerca de 17,5 milhões de estudantes da educação básica nessa situação. Em 2014, o número de jovens entre 18 e 29 que não concluíram o ensino médio era da ordem de 15 milhões. Os “jovens fora de série” integram um universo composto por jovens que abandonaram a escola – ou dela foram expulsos por diversas razões –, que tiveram ao longo de sua trajetória escolar sucessivas repetições, mas que à escola retornam em luta pela conclusão do ciclo da educação básica.


O primeiro momento da pesquisa foi realizado no mês de novembro de 2012. Foi aplicado questionário estruturado em turmas de EJA e do Projeto Autonomia em 14 escolas de quatro regiões da cidade do Rio de Janeiro, o que envolveu 963 pessoas de idades que variaram entre 16 e mais de 50 anos. Com o objetivo de pesquisar o público jovem, selecionou-se do banco de dados 593 jovens com idades entre 17 e 29 anos, matriculados em turmas de EJA (61,6%) e do Projeto Autonomia (36,9%). A amostra reuniu estudantes matriculados nos três turnos escolares, sendo 74,2% no noturno, 17,3% de manhã e apenas 7,4% matriculados à tarde. Os questionários foram aplicados nas três séries do Ensino Médio, sendo 17,6% no primeiro ano, 32,4% no segundo ano e 47,1% no terceiro ano. Esses dados foram tabulados e se encontram em processo de análise estatística e interpretação sociológica.

 

Um novo momento da pesquisa foi inaugurado no início de 2015 com apoio da FAPERJ/Bolsa Cientista do Nosso Estado (Projeto: Ser jovem e estudante – Trajetórias de escolarização e percursos biográficos de jovens “Fora de Série” no Ensino Médio). Nesta etapa, o documentário começou a ser efetivamente produzido, com a realização de entrevistas narrativas biográficas com jovens que declararam interesse, no momento do preenchimento do questionário estruturado, em participar da segunda e qualitativa etapa da pesquisa. Pretende-se com estas entrevistas conhecer percursos biográficos juvenis dando especial atenção às dinâmicas territoriais e sua incidência sobre as trajetórias escolares, assim como a outros aspectos que a literatura científica demonstra serem decisivos às trajetórias de vida e escolarização, tais como as estratégias familiares para a conquista da longevidade escolar, a inserção no mundo do trabalho e a própria qualidade da vida escolar que pode significar fator de atração ou repulsão frente ao prosseguimento dos estudos.

 

Ao longo da pesquisa, levantou-se a possibilidade da realização de uma terceira etapa de pesquisa - além do questionário e da documentação audiovisual de entrevistas - que permitisse acompanhar um grupo menor de jovens, três participantes, em seus percursos cotidianos. Com este intuito, lançou-se mão de dois dispositivos metodológicos que permitiram que os jovens produzissem imagens de si e sobre si, ou seja, registros deles próprios de suas ações cotidianas e de representações sobre o passado vivido e suas projeções para o futuro.

 

Clique aqui para saber mais e assistir ao vídeo sobre essa terceira etapa.
 

Saiba mais sobre a pesquisa Jovens Fora de Série na página do Observatório Jovem/UFF.

Sobre a trajetória escolar, em especial a incidência de abandonos e repetências, dos jovens da pesquisa "Jovens Fora de Série" ver o artigo:

 

CARRANO, P.C.R.; MARINHO, A.C.; OLIVEIRA, V.N.M. Trajetórias truncadas, trabalho e futuro: jovens fora de série na escola pública de ensino médio. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. especial, p. 1439-1454, dez., 2015 Disponível na Internet:  http://www.scielo.br/pdf/ep/v41nspe/1517-9702-ep-41-spe-1439.pdf

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